quarta-feira, 27 de abril de 2011

Entrevista do Director Artístico José Fernandes ao "Jornal de Barcelos" - Edição de 27/04/2011








“Procuramos que as pessoas reflictam sobre o que o humor tem por trás”


O TPC – Teatro Popular de Carapeços completa 15 anos sobre a sua fundação. O grupo contempla actualmente quatro secções – TPC, TPC Júnior, TPCzinho e TPoesiaC – e conta com cerca de 50 elementos.
Tudo nasceu de um “desafio” lançado a um conjunto de jovens da freguesia por José Fernandes: “E lancei porquê? Sempre gostei de teatro. No tempo em que vivi no Porto, fiz teatro amador e gostava de em Carapeços, que na altura não tinha nenhum grupo oficializado, criar um grupo estruturado, com alguns objectivos, com trabalho para apresentar. Lancei o desafio e eles aceitaram”.
Cinco anos depois, foi criado o TPCzinho, direccionado para crianças e que hoje tem à volta de 18 elementos. “Está um bocado a rebentar pelas costuras, porque temos muita procura de miúdos que querem fazer teatro e outros que os pais querem que eles pratiquem algum trabalho de grupo”, refere o director artístico.
Entretanto, as crianças com as quais nasceu o TPCzinho foram crescendo “e já não tinham muita vontade de fazer peças de fadas e de reis” e é então que surge o TPC Júnior, que tem actualmente cerca de oito jovens e vai estrear em breve a peça “Viúvas e Companhia”.
O grupo tem ainda a secção TPoesiaC que “esporadicamente” faz “sessões de divulgação” de poesia. “Costumamos ir às escolas, com um elemento que toca guitarra e contamos histórias e pomos os miúdos a dizer algumas poesias connosco”, aponta José Fernandes.
Com o intuito de dinamizar o teatro popular no concelho, o grupo tem nas zonas rurais o seu “público- alvo”. “Temos um objectivo que é, como as pessoas principalmente agora que andam tão incomodadas com a vida, não fazer um tipo de teatro que as vá incomodar. Podíamos fazer um drama sobre problemas actuais, mas as pessoas iam lá, viam, até gostavam, mas iam um bocado incomodadas para casa. Queremos que as pessoas vão ao teatro não para ver palhaçadas – sem ofensa para os palhaços –, mas procurámos alguns textos que façam com que as pessoas reflictam um bocado sobre o que o humor tem por trás. Procuramos não fazer um humor fácil, mas que as pessoas entendam o que queremos dizer”.
E daí é que vem o nome popular. “Não no sentido de popularucho” nem no sentido de “teatro religioso”, mas sempre evitando “o teatro de elites” e procurando que uma piada obrigue o público a algum “exercício mental”. E ao fim deste tempo todo a promover o teatro, o professor de Matemática, natural do Porto, considera que “ainda há interesse” e “é com agrado” que vê surgirem “outros grupos” no concelho. Outra prova desse interesse é que o TPC “nunca” teve problemas com o “número de actores”, embora sofra de algumas lacunas: “não temos mulheres um bocado mais velhas”. Aliás, o elenco feminino geralmente acaba por ser mais reduzido. “Um bocado porque as raparigas ficam mulheres, casam-se, têm filhos e depois não têm tanta disponibilidade para o teatro. E somos um grupo amador, nunca deixamos de ter esse Norte. Temos que ter responsabilidade, mas não podemos pôr em causa a nossa vida familiar e o nosso trabalho”.
O TPC tem de momento cinco peças em cena: “Vende-se Casa Assombra”, “Falar Verdade a Mentir”, “A Maluquinha de Arroios”, “Guerra aos Nunes” e “Um Empresário em Suores Frios”. O grupo pode ser visitado na internet em http://www.teatropopularcarapecos.blogspot.com/

Jornal de Barcelos . Pedro Luís Silva (Entrevista e Fotografia)

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